Casamento Solo: A Sologamia — Autoamor ou Sintoma da Solidão Moderna?

Entre a cura e o isolamento, o casamento solo nos convida a refletir: estamos aprendendo a nos amar... ou nos blindando de sentir de novo?

Resumo do artigo:

O casamento solo, ou sologamia, tem crescido como um gesto simbólico de autoamor. Este artigo analisa os motivos emocionais, culturais e psicológicos por trás da tendência, destacando quando ela representa libertação — e quando pode mascarar dor, medo ou isolamento. Uma reflexão essencial para tempos em que os vínculos estão cada vez mais frágeis, e o amor-próprio, cada vez mais urgente.

Introdução: A noiva, o altar… e nenhum par.

Ela entra com um vestido branco, flores nas mãos e um sorriso no rosto. Há uma trilha sonora emocionante, votos personalizados, amigos presentes. Mas algo surpreende: não há noivo. Nem noiva. Só ela.

Essa é a cena de um novo fenômeno contemporâneo: o casamento solo, também conhecido como sologamia — quando uma pessoa realiza uma cerimônia formal para selar um compromisso consigo mesma.

Num mundo em que os relacionamentos estão cada vez mais frágeis, a ideia de se casar consigo ganhou força nas redes sociais, nas manchetes e nos corações de quem cansou de esperar por um “outro”.

Mas o que realmente está por trás dessa escolha?
Empoderamento? Cura? Ou uma resposta silenciosa à nova solidão do século 21?

O que é sologamia?

Sologamia vem do latim solo (sozinho) + gamos (casamento). Não é reconhecida juridicamente, mas a prática tem crescido em vários países como um rito simbólico de compromisso pessoal e amor-próprio.

A cerimônia pode incluir tudo: votos, aliança, bolo, convidados e até lua de mel.
A italiana Laura Mesi, por exemplo, viralizou ao casar-se consigo em 2017 com direito a vestido tradicional, 70 convidados e cobertura da mídia. No Brasil, celebridades como Luísa Sonza e influenciadoras também realizaram rituais semelhantes, trazendo a ideia para o centro das discussões sociais.

Por que as pessoas estão se casando sozinhas?

Por trás dessa tendência, existem motivações profundas:

  1. Cansaço emocional: após desilusões repetidas, muitas pessoas decidem parar de buscar o amor fora e voltar-se para dentro.

  2. Rompimento com padrões tradicionais: é um ato simbólico de libertação dos modelos convencionais que associam felicidade a estar com alguém.

  3. Afirmação de autonomia e autoamor: em tempos de autocuidado e saúde emocional, o casamento consigo representa um pacto de valor próprio.

  4. Ritual de encerramento ou recomeço: muitos usam a sologamia como forma de fechar ciclos traumáticos — divórcios, relacionamentos abusivos ou lutos.

O lado luz: autoamor consciente

Há muito valor na ideia de cultivar uma relação profunda com si mesmo.

A psicologia positiva mostra que pessoas com alta autoestima, práticas regulares de autocuidado e autoaceitação possuem menos chance de desenvolver transtornos como ansiedade e depressão.

Estudos da Harvard Medical School reforçam que a qualidade da relação que temos conosco influencia diretamente nossa saúde emocional, decisões profissionais e vínculos afetivos.

Nesse sentido, o casamento solo pode representar um rito de passagem simbólico poderoso, marcando o início de uma nova fase, onde a pessoa se compromete com seus próprios valores, limites e desejos.

O lado sombra: isolamento disfarçado de empoderamento

Por outro lado, também precisamos refletir:
Será que estamos substituindo a vulnerabilidade do encontro por uma zona de conforto emocional, onde não existe risco — nem profundidade?

O filósofo Byung-Chul Han já alertava sobre o narcisismo da era digital:

“O excesso de positividade e autocuidado pode esconder uma recusa ao outro — e, portanto, ao verdadeiro amor.”

Relacionar-se consigo é fundamental. Mas relacionar-se com o outro é onde evoluímos de verdade: nas frustrações, nos conflitos, no espelho que o outro nos oferece.

Quando a sologamia vira um mecanismo de defesa contra a dor do afeto real, ela deixa de ser expansão e vira retração.

Estamos vivendo o auge da liberdade ou da desistência emocional?

Vivemos em um tempo onde a conexão é fácil — e o vínculo, raro.
As relações parecem descartáveis.
O silêncio é desconfortável.
A exposição emocional virou risco.

E então, casar-se consigo parece mais seguro. Mais prático. Mais controlado.

Mas o paradoxo é cruel: nunca estivemos tão livres... e tão sozinhos.

O que diz o Método SHIFT?

No Método SHIFT (Subconsciência, Harmonia, Intenção, Foco e Transformação), a sologamia pode sim ter um papel simbólico interessante dentro de um processo consciente de reconstrução emocional.

👉 No pilar Subconsciência, investigamos se a escolha vem da dor ou da liberdade.
👉 Em Harmonia, cultivamos o autoacolhimento sem perder a capacidade de se vincular.
👉 Na Transformação, o verdadeiro compromisso não é com o ego, mas com a alma — e a alma quer conexão verdadeira.

Autoamor não exclui o amor ao outro.
Ele prepara o terreno para relações mais maduras, reais e conscientes.

Conclusão: Casar-se consigo não é o fim — é o começo

A sologamia pode ser um gesto bonito, transformador e necessário.
Mas que ela não seja o encerramento da busca por conexão, e sim o reinício de um novo jeito de se encontrar com o outro — sem dependência, sem fuga, com presença.

Porque o amor, no fim, é sempre um espelho.
E amar-se é só o primeiro reflexo.

Bruno de Siqueira

Quem sou eu?

Já tive a oportunidade de fazer muitas coisas na minha vida, desde metalúrgica até Aromista. Depois de 26 anos de estrada, estou começando a escrever um novo capítulo da minha jornada aqui na Terra, e descobri que preciso ajudar as pessoas e se desenvolverem e liberar seu verdadeiro potencial, entendendo e resolvendo seus medos subconscientes e para acessar seu extraordinário poder mental.

Bruno de Siqueira.

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